sexta-feira, 31 de julho de 2015

NEM TUDO QUE É LEGAL É ÉTICO OU MORAL! O CONFEF EXEMPLIFICA BEM O DITADO.

Sou um rei, era um escravo; pagava um tributo à república e hoje é ela quem me sustenta. Não tenho mais receio de perder, espero adquirir. (Montesquieu)

Professor Ernani Contursi, um dos mais importantes líderes do movimento pela valorização da profissão, tem postado nas mídias sociais sobre a necessidade de rediscutirmos e reestruturarmos o Sistema CONFEF/CREFs na busca por um Conselho que se aproxime, de fato, dos atores que compõem este cenário: profissionais propriamente ditos, o setor econômico que gera empregos (academias, clubes, escolas etc.) e a sociedade em geral. Suas críticas são ácidas, porém totalmente pertinentes.


O maior de todos os empecilhos tem sido, sem dúvida, a administração despótica (me socorrendo novamente em Montesquieu: Do Espírito das Leis), instituída no atual modelo de gestão do CONFEF.

Os princípios basilares da Administração Pública, insculpidos no art. 37, da Constituição/88 (lembrando que o CONFEF é pessoa jurídica de direito público com natureza de autarquia federal), são: Legalidade, Impessoalidade, Moralidade, Publicidade e Eficiência.

Não há nenhuma ilegalidade nas sucessivas reeleições, mas não podemos deixar de considerar que os outros princípios tornam-se bastante comprometidos. Vejamos:

Para se manter no poder, são editadas normas que visam construir blindagens em torno do “soberano”. Coisas do tipo: tornar conselheiros vitalícios os ex-presidentes do Conselho, só para dar um único exemplo, fere de morte o princípio da Impessoalidade.

O princípio da Publicidade é outro que sofre profundos arranhões. Uma vez erguida a carapaça de proteção do poder, fica bastante difícil aos reles mortais terem acesso às informações de como o sistema de fato funciona e se mantém.

A Eficiência também é negligenciada, pois a manutenção do poder a todo o custo e para sempre, submete o monarca a acordos que, muitas vezes, colocam a finalidade precípua da autarquia abaixo do interesse pessoal de se manter no poder. Basta ler as postagens do já citado Prof. Ernani e perceberemos como isto vem ocorrendo na atual política “confefiana” ou simplesmente analisar o grau de insatisfação dos profissionais com o atual modelo.

Por fim, mas não menos importante, a Moralidade. A alternância do poder é o princípio mais caro de uma democracia. É nele que se apoia a ideia de que “todo o poder emana do povo”, uma vez que o povo tem o direito de eleger seus representantes. A permanência ad eternum nos cargos executivos favorece a construção de teias e de estruturas viciadas. Até o nosso poder legislativo corrupto e desgastado já entendeu isso, pois está apontando para o fim da reeleição dos cargos executivos. Os exemplos de estruturas viciadas são muitos e parece que o CONFEF resolveu seguir os piores deles: FIFA, Confederações e Federações esportivas etc.

Faço uma pergunta aos leitores e ofereço algumas possibilidades de respostas: o que leva alguém a não abrir mão, de forma alguma, do poder:
a)    O status e os consequentes benefícios sócio-econômicos que este pode trazer?
b)   A prepotência de acreditar ser insubstituível por não haver ninguém a sua altura para dar prosseguimento à empreitada?
c)    Os ganhos financeiros pessoais advindos dos tais acordos e concessões?
d)    A vaidade de permanecer full time na crista da onda?

Sinceramente não sei a resposta, mas não consegui encontrar nenhum motivo que se alicerce em uma visão altruísta, de cunho verdadeiramente coletivo.

Na opinião deste blogueiro, o motivo pode até ser legal, mas está muito longe de ser moral.

Saudações.

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