A Secretaria de Estado de
Educação do Rio de Janeiro lançará nesta terça feira, 23 de julho, o Programa
ESPORTE NA ESCOLA.
Como ainda não temos informações
precisas sobre o caráter e a estrutura organizacional do referido programa, seria leviano fazer qualquer juízo de valor
sobre a iniciativa proposta pelo atual Secretário, Pedro Fernandes. Mas como gato
escaldado tem medo de água fria, antecipo algumas preocupações nascidas das
informações já veiculadas. Vamos lá!
De acordo com o que já foi
divulgado, o Rio de Janeiro será o primeiro estado brasileiro onde todas as
escolas públicas terão aulas de modalidades de lutas com o lançamento do
programa “Esporte na Escola”, que levará o ensino e a prática das artes
marciais às unidades da rede pública estadual.
Não por coincidência, o Jiu-Jitsu
será a primeira modalidade a ser implantada, uma vez que a iniciativa partiu do
Secretário de Educação, Pedro Fernandes, que também é faixa preta de jiu-jitsu.
Sem demérito nenhum à modalidade, que uma vez ministrada com os objetivos e estratégias
adequados ao ambiente escolar pode contribuir como qualquer outra na formação
de crianças e jovens, me pergunto se não há aí um “que” de favorecimento aos “colegas
de farda”.
Por que não a Capoeira,
modalidade genuinamente brasileira ou o Judô, Karatê ou Taekwondo, dentre
outras modalidades olímpicas? Vai saber!
Outra: a partir deste segundo
semestre letivo, haverá licitação para a escolha da empresa responsável pela
contratação dos atletas profissionais que ministrarão as aulas às crianças. Quem topa acompanhar???
Isso é deveras preocupante.
A contratação de atletas
profissionais, sem Graduação em Educação Física para atuarem dentro das escolas,
fere a Lei de Diretrizes e Bases da Educação no que tange a formação para
atuação na Educação Básica, além de burlar a obrigatoriedade de concurso público, sem entrar no mérito da capacitação, o que é outro ponto crucial na discussão.
A modalidade pode até ser inserida como parte diversificada do currículo das
escolas públicas, mas neste caso, as aulas têm que ser ministradas por professores
licenciados e concursados, como determina a Lei e a Constituição.
Por fim, embora o momento trate especificamente
de inserção de aulas de Jiu-Jitsu, que através de uma interpretação oblíqua
estaria sob o manto das decisões do STJ, que afastam a obrigatoriedade de
formação superior em Educação Física para ministrar aulas de lutas e artes
marciais, notem que o nome do Programa é ESPORTE NA ESCOLA”, ou seja,
abrir-se-á a porteira para a volta disfarçada dos amigos da escola ou monitores
de esportes, figuras combatidas e afastadas graças às ações do Conselho de
Educação Física.
Lá vamos nós de novo!
Sou bastante simpático à
utilização dos equipamentos das escolas para o fomento e democratização do
esporte. Mas quando essas iniciativas caem de paraquedas e sem muita
fundamentação ou transparência, questiono se os reais motivos estão, de fato,
voltados a oferecer um serviço de qualidade aos nossos cidadãos.
Parece que vem mais luta, sem
trocadilhos, por aí.
Abraços.
Quando iremos discutir as "carteiras de treinador desportivo"?? Solução já utilizada na Europa e que ajudaria bastante a comunidade brasileira. Assim os profissionais de Educação Física ficariam com a educação básica e/ou a "preparação física" em clubes e academias, enquanto os "treinadores" teriam uma formação teórico e prática junto a federação do seu respectivo esporte ou do órgão responsável pelas licenças. Em Portugal geralmente são III níveis de licenças para cada esporte e as graduações em educação física e ciência do esporte habilitam esses profissionais ao nível I ou II de cada esporte, o que vai depender da qualidade da IES, matérias cursadas, estágio e optativas. Formado ou não o treinador deve cumprir os requisitos mínimos para cada licença e começar a estudar e trabalhar no nível mais baixo até um dia poder atuar com o esporte de alto rendimento.
ResponderExcluirBom dia.
ExcluirNa verdade Blogueiro, já vimos discutindo.
Aqui mesmo no blog você vai encontrar algumas postagens tratando deste tema.
Eu concordo em parte contigo. Só acrescentaria que no caso da formação de base, especialmente na iniciação desportiva com crianças, também vejo como imprescindível a formação acadêmica em Educação Física, mas no que se refere ao desporto de alta performance, também questiono esta necessidade.
Outra coisa: não deixaria com as federações desportivas o papel de formadores, pois conhecemos a história de nossas entidades desportivas.
Um grande abraço.
Fugindo um pouco do tema. Temos em algumas regiões "excesso" de profissionais licenciados, enquanto em outras o mesmo não é encontrado, principalmente no interior dos estados mais carentes. Há muita gente sem formação na área ministrando as aulas de educação física na educação básica. Infelizmente acredito que a falta de valorização dos professores, plano de carreira, estruturas precárias e a violência fizeram muitos graduados perderem o interesse de trabalhar na área. Isso abriu brecha para pessoas não qualificadas. Quanto a proposta do secretário, ele só esta tentando legitimar algo que já vem acontecendo. O que não esta certo !!! Bom sigo acompanhando o site para aprender mais e torcendo para tal proposta nunca se efetivar. Retroceder jamais !!!
ResponderExcluirMuito obrigado por seu comentário.
ExcluirConcordo com você, a falta de valorização é o principal problema enfrentado.
Minha preocupação com a proposta em discussão é se o tiro não irá sair pela culatra. O ensino das lutas pode ser interessante, mas tem que estar voltado para a formação cidadã. Não sei se todos os lutadores estão preparados para isso.
Um grande abraço.
ótima conteúdo esse para o colégio zona norte SP, gostei demais desse post, assunto importante, excelente pauta!
ResponderExcluirMuito obrigado pelo prestígio.
ExcluirAbraços.