terça-feira, 18 de agosto de 2015

UBER E TAXISTAS: E O QUE A EDUCAÇÃO FÍSICA TEM A VER COM ISSO?

O mercado é um ser vivo. E como todo ser vivo, tem suas próprias vontades, suas manias e dinâmicas. Da mesma forma que podemos tentar controlar nossos filhos adolescentes estabelecendo regras e restrições e, ainda assim, sem garantias de que eles sempre seguirão os caminhos que nós acreditamos ser os melhores, os diferentes setores econômicos jamais serão encaixotados por leis, normas e teorias. Podemos conseguir, no máximo, desacelerar algumas tendências, restringir alguns espaços, postergar a sobrevivência de alguns modelos, mas ele encontrará a forma de romper os grilhões, vencer os obstáculos e trilhar seu próprio rumo. O UBER é mais um exemplo.

A lei proíbe o transporte individual de pessoas que não seja realizado por taxistas licenciados. Mas os advogados já discutem que o contrato com o UBER não é contrato de transporte, mas sim carona remunerada (economia compartilhada): naturezas jurídicas diferentes. E ainda que a justiça não entenda desse jeito, já estão tramitando projetos de lei que regulamentam o UBER. Se a lei é um empecilho, que mudemos a lei.

Analogicamente, uma empresa desenvolve um aplicativo através do qual oferece programas de treinamento individualizados e acompanhamento personalizado. O cliente faz a adesão pela internet, efetua pagamento descontado no seu cartão de crédito, informa todas as suas características morfo-fisiológicas, encaminha uma foto de corpo inteiro pelo aplicativo. Do outro lado, um profissional de Educação Física analisa as informações e elabora um programa de treinamento de acordo com o interesse do cliente. Este se matricula em uma academia low price, usa a sala em seu condomínio, vai para a orla, enfim, inicia seu treinamento. E onde fica o acompanhamento do profissional? O próprio aplicativo já contará com um chat de vídeo através do qual o personal poderá orientar e corrigir os exercícios. Viajei muito?

Se já existem cursos de Educação Física à distância autorizados pelo MEC, como impedir que o profissional oriente seu cliente através da internet? 

Lembro do filme, O Vingador do Futuro, estrelado por Arnold Schwarzenegger (1990), no qual a personagem vivida por Sharon Stone tinha um personal trainer holográfico. Isso há 25 anos atrás!!! Não estamos muito longe disso, afinal a ficção nos brinda com algumas invenções muito antes delas existirem. O que dizer do submarino nuclear Nautillus de Júlio Verne (1870), que antecedeu em mais de 80 anos seu homônimo construído pela Marinha Americana? Ou dos intercomunicadores de Star Treck (1966), prenúncio dos telefones celulares?

Não quero dizer com isso que a chegada de vez do "e-fitness" irá acabar com as academias. Longe disso, assim como os e-books não acabaram com os livros. Mas quero dizer que precisamos estar atentos a estas novas tendências e tecnologias e nos prepararmos para uma competição cada vez mais acirrada. Se continuarmos fazendo tudo do mesmo jeito, não conseguiremos obter resultados diferentes.

Estudar, conhecer o mercado, prever e planejar o futuro. Passar a ver o negócio com olhos de gestor.

Não vai adiantar ficar criticando o país, os legisladores, o CONFEF/CREFs ou os concorrentes quando já for tarde. Afinal, como diz o velho e já desgastado ditado, “enquanto uns choram, outros vendem lenços”.

Saudações.

2 comentários:

  1. Sempre com bom conteúdo. Se foram 2 anos e meio e nesse meio tempo, tempo em EaD Nutrição e Fisio. Achei oportuno seu tema. Talvez o profissional da área deixe de ficar falando de blogueiros e faça um atendimento online. Terapeutas, psicólogos, já atendem a distância. Mas se me permite, vai precisar muito mais que um programa ponta a ponta, tem que ter conteúdo, autoridade, conhecimento, investimento publicitário... que não difere das academias porém, pode ser mais lucrativo e por ser individual o atendimento, melhor "ganhos" do personal como do cliente. Abraço professor, João.

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    1. Oi João, tudo bem?
      Estava sentindo a sua falta.

      O grande problema de alguns desses aplicativos é que, na verdade, eles desprezam a necessidade de prescrição por parte do profissional, além é claro, de não ser possível a realização da necessária e imprescindível avaliação física inicial.

      Um grande abraço.

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